quarta-feira, 20 de abril de 2016

Texto a partir de uma sensação auditiva



SOM DA CHUVA



Cada vez que ouço o som suave da chuva, com as suas primeiras gotas a cair no telhado ou no vidro da minha janela, entro em euforia.
Adormecer com esta “música” natural para os ouvidos, deitar no sofá enrolado nas mantas, ver televisão, beber um chá, torna-se um momento único, espetacular. Tocar na ponta do nariz e senti-lo gelado, proteger as orelhas, lembrar da nossa comida preferida, é entrar num estado de profunda ligação entre a mente e a alma.
Alguém já beijou a chuva?
Talvez essa sensação seja uma das mais românticas fantasias...
 Eu já o fiz, porém o que tornou esse momento tão especial não foi a chuva, mas sim o que estava a sentir naquele momento.
E quem já saiu de casa quando está a cair uma chuva “molha parvos”, que nos vai molhando pouco a pouco e nos faz pisar pequenas poças?  Gosto de esperar um pouco até abrir o meu chapéu-de-chuva e tento esconder a vontade que tenho de dançar e cantar no meio da rua.
Geralmente quando chove temos a mania de olhar para baixo e para a frente, para nos protegermos dos pingos, mas... Será que já experimentaram olhar para cima? É incrível! Não há nada mais belo, depois de uma tempestade, que o arco-íris desenhado no céu e aquele sol tímido que nasce por detrás das nuvens. Depois da chuva passar, as flores, o verde, as folhas brilham, os rios criam vida, o mundo desperta do seu sono.
A chuva é o poema da natureza, e tem um início, meio e fim. Vem de supresa, com as nuvens que são os versos anunciadores da tempestade. Aos poucos, tudo escurece, o céu ganha voz e nós, pobres mortais sobre esta terra, assustamo-nos ou dançamos com a sua queda.



Rodrigo Ruivo



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