A OUTRA INAUDITA GUERRA DA AVENIDA GAGO COUTINHO
Foi numa tarde de março que tudo aconteceu. Provavelmente a
mais excêntrica e surpreendente guerra que alguma vez aconteceu ou acontecerá
neste planeta ou nos outros.
Todos os vizinhos do prédio nº54 estavam reunidos no hall de
entrada para a reunião do condomínio. Usualmente, nestas reuniões são
discutidos casos de campainhas que não funcionam, invasões de jovens quase
bárbaros a destruir a garagem ou então a porta da frente principal que não
abre. Nos últimos 3 meses esses assuntos não eram referidos nas reuniões. Não
que estes casos não acontecessem, mas todos os vizinhos estavam focados num
único ponto: os dejetos de cães que todos tinham à sua porta.
Qualquer pessoa que tivesse 2 dedos de testa, perceberia que
a culpa era de todos, pois todos tinham cães e todos os donos deixavam os seus
animais fazerem os seus dejetos em qualquer sítio do prédio. Uma completa
parvoíce.
Tudo começou quando duas vizinhas (a Joana e a Beatriz),
recolheram os dejetos dos animais todos. Deram a pensar aos habitantes daquele
prédio que eram simpáticas mas na verdade foi tudo uma questão de vingança. A
Beatriz e a Joana zangaram-se com o vizinho Afonso e deitaram os dejetos dos
animais para o seu terraço.
O
vizinho Afonso, azarado e um pouco tonto, ao mandar de volta os dejetos para o
apartamento de Beatriz, estes caíram e foram parar ao apartamento dos dois
companheiros de casa (e não só), Tiago e César. Estes descendiam de ajudantes
da máfia russa, embora fossem asiáticos. Ao virem os dejetos no seu
apartamento, pensaram que tinha sido Beatriz e Bruna, as suas maiores
concorrentes no negócio de armas e drogas.
Alguns
dias depois de Bruna e Beatriz suspeitarem que Tiago e César desconfiavam que
tinham sido elas a mandarem os dejetos, as duas raparigas decidiram por um
ponto final à concorrência. Decidiram denunciá-los à polícia, afirmando que
sujavam as casas dos habitantes do prédio com dejetos de animais, e que vendiam
armas e drogas a polícias revoltados e no desemprego.
Foi aí
que eu entrei, fazendo parte da guerra mais louca que alguém já entrou ou
entrará. Caracterizei-me como fosse um carteiro que por lá passava, e avistei
os polícias que iriam invadir o prédio. Também reparei nas suas caras de
espanto. Quando os polícias apareceram na praceta, já lá estavam os traficantes
(Tiago, César, Bruna e Beatriz), o Gonçalo (um professor da universidade que
tinha um laboratório para fabricar substâncias tóxicas) e o Rodrigo (um
milionário que estava presto a mudar de casa).
Este
grupo estava na praceta, pois queria resolver o conflito criado utilizando armas
e o cão que o Gonçalo roubou ao Rodrigo.
Quando
a polícia se aproximou para fazer as detenções, desceu uma supermodelo que
vivia no prédio. Era inevitável não olhar para ela, o que me deu mais tempo
para sacar do borrifador com uma substância que dava sono aos que a ingeriam, e
borrifá-la por todas as pessoas que lá estavam.
Quando
as velhas cuscas Mariana e Marta repararam que eu já me tinha livrado dos polícias e
residentes, aproximaram-se e ajudaram-me a esconder os corpos dos residentes,
deixando ficar o dos polícias e da supermodelo. Tal como combinámos, enterrámos
os corpos na mata perto da praceta e dirigimo-nos de novo para lá.
Mal lá
chegámos, afirmámos aos polícias que tinham vindo fazer a detenção dos vizinhos
que tinham cães: Joana, Beatriz e Afonso. (Sorte a de Sofia que era a única que
tinha gatos e não cães).
Depois
deste acontecimento muito estranho, reformei-me e fui trabalhar para a oficina
do meu pai.
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