terça-feira, 5 de abril de 2016

Texto coletivo




A OUTRA INAUDITA GUERRA DA AVENIDA GAGO COUTINHO


         Foi numa tarde de março que tudo aconteceu. Provavelmente a mais excêntrica e surpreendente guerra que alguma vez aconteceu ou acontecerá neste planeta ou nos outros.
         Todos os vizinhos do prédio nº54 estavam reunidos no hall de entrada para a reunião do condomínio. Usualmente, nestas reuniões são discutidos casos de campainhas que não funcionam, invasões de jovens quase bárbaros a destruir a garagem ou então a porta da frente principal que não abre. Nos últimos 3 meses esses assuntos não eram referidos nas reuniões. Não que estes casos não acontecessem, mas todos os vizinhos estavam focados num único ponto: os dejetos de cães que todos tinham à sua porta.
         Qualquer pessoa que tivesse 2 dedos de testa, perceberia que a culpa era de todos, pois todos tinham cães e todos os donos deixavam os seus animais fazerem os seus dejetos em qualquer sítio do prédio. Uma completa parvoíce.      
         Tudo começou quando duas vizinhas (a Joana e a Beatriz), recolheram os dejetos dos animais todos. Deram a pensar aos habitantes daquele prédio que eram simpáticas mas na verdade foi tudo uma questão de vingança. A Beatriz e a Joana zangaram-se com o vizinho Afonso e deitaram os dejetos dos animais para o seu terraço.             
O vizinho Afonso, azarado e um pouco tonto, ao mandar de volta os dejetos para o apartamento de Beatriz, estes caíram e foram parar ao apartamento dos dois companheiros de casa (e não só), Tiago e César. Estes descendiam de ajudantes da máfia russa, embora fossem asiáticos. Ao virem os dejetos no seu apartamento, pensaram que tinha sido Beatriz e Bruna, as suas maiores concorrentes no negócio de armas e drogas.      
Alguns dias depois de Bruna e Beatriz suspeitarem que Tiago e César desconfiavam que tinham sido elas a mandarem os dejetos, as duas raparigas decidiram por um ponto final à concorrência. Decidiram denunciá-los à polícia, afirmando que sujavam as casas dos habitantes do prédio com dejetos de animais, e que vendiam armas e drogas a polícias revoltados e no desemprego.                                                                 
Foi aí que eu entrei, fazendo parte da guerra mais louca que alguém já entrou ou entrará. Caracterizei-me como fosse um carteiro que por lá passava, e avistei os polícias que iriam invadir o prédio. Também reparei nas suas caras de espanto. Quando os polícias apareceram na praceta, já lá estavam os traficantes (Tiago, César, Bruna e Beatriz), o Gonçalo (um professor da universidade que tinha um laboratório para fabricar substâncias tóxicas) e o Rodrigo (um milionário que estava presto a mudar de casa).
Este grupo estava na praceta, pois queria resolver o conflito criado utilizando armas e o cão que o Gonçalo roubou ao Rodrigo.
Quando a polícia se aproximou para fazer as detenções, desceu uma supermodelo que vivia no prédio. Era inevitável não olhar para ela, o que me deu mais tempo para sacar do borrifador com uma substância que dava sono aos que a ingeriam, e borrifá-la por todas as pessoas que lá estavam.       
Quando as velhas cuscas Mariana e Marta repararam que eu já me tinha livrado dos polícias e residentes, aproximaram-se e ajudaram-me a esconder os corpos dos residentes, deixando ficar o dos polícias e da supermodelo. Tal como combinámos, enterrámos os corpos na mata perto da praceta e dirigimo-nos de novo para lá.    
Mal lá chegámos, afirmámos aos polícias que tinham vindo fazer a detenção dos vizinhos que tinham cães: Joana, Beatriz e Afonso. (Sorte a de Sofia que era a única que tinha gatos e não cães).                     
Depois deste acontecimento muito estranho, reformei-me e fui trabalhar para a oficina do meu pai.

          Texto coletivo na versão de João Balau 

           

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