A INFÂNCIA
Passa lento o tempo da escola e a sua
angústia
com esperas e com infinitas matérias.
Ó solidão, ó perda de tempo tão pesada!...
E então, à saída, as ruas cintilam
e nas praças as fontes espirram,
e nos jardins é tão vasto o mundo.
E atravessar tudo isto em calções,
diferente de como os outros vão e foram:
Ó tempo estranho, ó perda de tempo,
ó solidão!
E olhar tudo isto à distância:
homens e mulheres; homens, homens, mulheres
e crianças, tão diferentes e coloridas;
e então uma casa, e de vez em quando um cão
e o medo surdo trocando-se pela confiança:
Ó tristeza sem sentido, ó sonho, ó medo,
Ó inacabável abismo.
E então jogar à bola e ao arco,
num jardim que lento se desvanece
e por vezes tropeçar nos crescidos,
cego e embrutecido na pressa de correr e agarrar,
mas ao entardecer, com pequenos passos tímidos,
voltar silencioso a casa,
com esperas e com infinitas matérias.
Ó solidão, ó perda de tempo tão pesada!...
E então, à saída, as ruas cintilam
e nas praças as fontes espirram,
e nos jardins é tão vasto o mundo.
E atravessar tudo isto em calções,
diferente de como os outros vão e foram:
Ó tempo estranho, ó perda de tempo,
ó solidão!
E olhar tudo isto à distância:
homens e mulheres; homens, homens, mulheres
e crianças, tão diferentes e coloridas;
e então uma casa, e de vez em quando um cão
e o medo surdo trocando-se pela confiança:
Ó tristeza sem sentido, ó sonho, ó medo,
Ó inacabável abismo.
E então jogar à bola e ao arco,
num jardim que lento se desvanece
e por vezes tropeçar nos crescidos,
cego e embrutecido na pressa de correr e agarrar,
mas ao entardecer, com pequenos passos tímidos,
voltar silencioso a casa,
a mão agarrada com força:
Ó compreensão cada vez mais terminável!
Ó angústia...
Ó compreensão cada vez mais terminável!
Ó angústia...
Rodrigo Ruivo