sexta-feira, 7 de abril de 2017

Texto sobre uma aventura



O TESOURO


      Remontamos a 1569, quando eu e a minha tripulação estávamos a navegar pelos fabulosos mares das Caraíbas e, ao remexer nos documentos do meu pai, encontrei uma velha e misteriosa carta.
       Pedi ao Daniel, companheiro de sempre das minhas viagens (e que estava comigo naquele preciso momento), que traduzisse a carta, pois ele entendia melhor do que ninguém a letra do meu pai e conseguia decifrar cada gatafunho, não tivesse ele trabalhado junto do meu pai, durante quase toda a sua existência.
        Daniel começou a ler e rapidamente percebemos que a carta nos dava pistas de um tesouro escondido e eu perguntei-me como é que o meu pai conseguira guardar aquele segredo até morrer.
         Chamei toda a tripulação e decidi partir de imediato para o local marcado com uma cruz. As indicações levaram-nos a uma ilha, que nem sabia que existia!
       Enquanto pisava a areia quente de terra firme, repetia as palavras que tinham sido escritas pelo meu pai e lidas pelo Daniel, naquela carta:” Vê a criança que está dentro de ti”. Mas... O que é que o meu pai quereria dizer com isto? A criança que vivera dentro de mim, já tinha partido há muito tempo, para a Terra do Nunca ou para outro lugar qualquer... Já não existia, pois eu era mais a versão Capitão Gancho do que Peter Pan e não poderia encontrá-la para lhe perguntar onde estava o tesouro...
       De repente, recordei-me de uma música que meu pai me cantava em pequeno e a letra soltou-se da minha voz, como se a tivesse ouvido todas as noites, ao longo de todos estes anos sem ele:

“♪ No meio da floresta,
O vento sopra violento
Não pares, não faças a sesta
Fica sempre muito atento!
Da árvore mais alta à mais baixa
Para a meio do caminho
Este é o momento da tua vida
Pensa se queres ir sozinho... ♪”

       Foi aí que se fez luz!… Deixei a tripulação para trás, entrei pela floresta, avancei pelos arbustos, parei entre duas árvores (que me pareciam a mais alta e a mais baixa da mata) e comecei a escavar furiosamente. Ao descobrir um baú, abri-o cortando o cadeado com a espada e deparei-me com uma caixa com o colar da minha mãe (que eu julgava perdido) e, por baixo dessa caixinha, estavam dez barras de ouro com a seguinte mensagem:

“Tenho a certeza de que chegarás aqui, porque as lembranças são o nosso maior tesouro!”


       Sorri. Sabia lá eu o que tinha sido mais importante descobrir nessa tarde...  É que (vocês não percebem...), mas esta é única forma que um pirata tem para dizer que ama. 

          Mariana Santos



Poema livre



O MEU MUNDO


O meu mundo lá fora é muito diferente
Deste mundo que cá dentro eu sinto
Lá fora, os meus olhos veem vida ou morte
Dentro de mim vejo amor, conflito, dor...
Lá fora, ouço um ruído que grita quente
Cá dentro, um silêncio frio...
Lá fora, eu sinto a atenção do Sol        brilhante
Cá dentro, eu sinto a noite frustrante
Lá fora, há pessoas de papel,
que caminham cegas por estradas,
que vão sendo apagadas pelo Tempo.
Cá dentro, sinto o vazio,
O sangue que corre frio pelas veias,
O coração, que faz o mundo parar
E nunca mais voltar...

Será que também sentes o mesmo?
Será que também sentes esta dor?
Ou será que tens a vontade

De tornar este mundo num lugar melhor? 


Elisabete Dias