SEXTA-FEIRA
13
Numa
sexta-feira, dia 13 de outubro, Mary acordou triste e deprimida. Mal abriu os
olhos, desatou a chorar até que as lágrimas do seu choro se transformaram em
sangue escuro. Sem dar conta de nada, desceu as escadas para tomar o
pequeno-almoço junto do resto da família, mas no lugar da sua irmã mais nova
estava uma boneca de porcelana, de cabelos negros, compridos e olhos vermelhos.
-
Olá! – cumprimentou a boneca, levantando-se.
Mary
não sabia se estava dentro de um pesadelo ou se aquela boneca era real. Beliscou-se
uma vez, houve uma falha elétrica. Beliscou-se outra vez e a boneca avançou na
sua direção. Beliscou-se uma terceira vez e viu-se um relâmpago que iluminou
toda a cozinha que, estranhamente, estava mergulhada na escuridão.
-
Olá! – repetiu a boneca – O meu nome é Crocas.
-
O que é que queres de mim? – perguntou Mary assustada.
-
O meu nome é Crocas... – repetiu aproximando-se.
-
Afasta-te!
-
O meu nome é Crocas... – voltou a dizer começando a andar com uns passos cada
vez mais pesados.
De
repente, a boneca começou a flutuar e ouviram-se gritos e sons estranhos,
vindos de todos os lugares.
-
O que é que fizeste com a minha família? – perguntou Mary enquanto recuava para
a sala.
A
divisão estava muito escura e fria. Mary só via a cara da boneca, iluminada por
baixo, como se tivesse uma lanterna junto ao queixo. Mary desatou aos gritos,
até não conseguir gritar mais.
-
Crocas é amiga. Crocas não faz mal a Mary. Crocas só quer ser amiga da Mary –
disse a boneca ficando a última palavra a ecoar pela sala.
Mary
encostou-se a uma parede e desatou a chorar sangue. Quando olhou para as suas
mãos, reparou que estavam cobertas de feridas. Tentou limpar, mas em vão. A
boneca aproximava-se lentamente de Mary, gritou de forma esganiçada e, por fim,
suspirou...
Na
parede onde Mary estava encostada, abriu-se uma porta e a rapariga caiu.
-
Ups! – ouviu-se ao longe.
Na
queda, Mary pensou que tudo tinha terminado, mas ao bater no chão, era fofo e,
no meio da escuridão, apenas se via uma cruz desenhada.
-
Crocas é amiga... – ouviu-se em sussurro, do lado direto.
Mas
Mary só conseguia ver um espelho parecido ao que tinha no seu quarto. No
espelho, conseguia imaginar-se bonita como era: cabelos pretos esticados, olhos
castanhos, mas para lá do vidro, pareciam surgir dois olhos vermelhos. Olhou
para trás, não viu nada. Voltou a olhar para o espelho e viu a boneca atrás
dela. Sentiu algo pontiagudo, talvez uma faca, a ser espetada, pelas costas.
No
espelho, surgiram refletidos vários esqueletos junto da imagem de Crocas. Mary,
era um deles.
-
Crocas é amiga... Sempre foi! – finalizou a boneca por entre gritos de
terror...
Bruna Fernandes
Sem comentários:
Enviar um comentário