terça-feira, 22 de março de 2016

Texto de Halloween




SEXTA-FEIRA 13


Numa sexta-feira, dia 13 de outubro, Mary acordou triste e deprimida. Mal abriu os olhos, desatou a chorar até que as lágrimas do seu choro se transformaram em sangue escuro. Sem dar conta de nada, desceu as escadas para tomar o pequeno-almoço junto do resto da família, mas no lugar da sua irmã mais nova estava uma boneca de porcelana, de cabelos negros, compridos e olhos vermelhos.
- Olá! – cumprimentou a boneca, levantando-se.
Mary não sabia se estava dentro de um pesadelo ou se aquela boneca era real. Beliscou-se uma vez, houve uma falha elétrica. Beliscou-se outra vez e a boneca avançou na sua direção. Beliscou-se uma terceira vez e viu-se um relâmpago que iluminou toda a cozinha que, estranhamente, estava mergulhada na escuridão.
- Olá! – repetiu a boneca – O meu nome é Crocas.
- O que é que queres de mim? – perguntou Mary assustada.
- O meu nome é Crocas... – repetiu aproximando-se.
- Afasta-te!
- O meu nome é Crocas... – voltou a dizer começando a andar com uns passos cada vez mais pesados.
De repente, a boneca começou a flutuar e ouviram-se gritos e sons estranhos, vindos de todos os lugares.
- O que é que fizeste com a minha família? – perguntou Mary enquanto recuava para a sala.
A divisão estava muito escura e fria. Mary só via a cara da boneca, iluminada por baixo, como se tivesse uma lanterna junto ao queixo. Mary desatou aos gritos, até não conseguir gritar mais.
- Crocas é amiga. Crocas não faz mal a Mary. Crocas só quer ser amiga da Mary – disse a boneca ficando a última palavra a ecoar pela sala.
Mary encostou-se a uma parede e desatou a chorar sangue. Quando olhou para as suas mãos, reparou que estavam cobertas de feridas. Tentou limpar, mas em vão. A boneca aproximava-se lentamente de Mary, gritou de forma esganiçada e, por fim, suspirou...
Na parede onde Mary estava encostada, abriu-se uma porta e a rapariga caiu.
- Ups! – ouviu-se ao longe.
Na queda, Mary pensou que tudo tinha terminado, mas ao bater no chão, era fofo e, no meio da escuridão, apenas se via uma cruz desenhada.
- Crocas é amiga... – ouviu-se em sussurro, do lado direto.
Mas Mary só conseguia ver um espelho parecido ao que tinha no seu quarto. No espelho, conseguia imaginar-se bonita como era: cabelos pretos esticados, olhos castanhos, mas para lá do vidro, pareciam surgir dois olhos vermelhos. Olhou para trás, não viu nada. Voltou a olhar para o espelho e viu a boneca atrás dela. Sentiu algo pontiagudo, talvez uma faca, a ser espetada, pelas costas.
No espelho, surgiram refletidos vários esqueletos junto da imagem de Crocas. Mary, era um deles.

- Crocas é amiga... Sempre foi! – finalizou a boneca por entre gritos de terror...

Bruna Fernandes



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